Porto Santo – História

Origem do Nome

A origem do seu nome não é consensual para os estudiosos que se ocupam desta matéria. A este respeito existem duas teorias que, embora diferentes, pouco divergem no que respeita às circunstâncias subjacentes à atribuição do topónimo ” Porto Santo”: a primeira de carácter mais lendário, enquanto que a segunda se sustenta em registos históricos.

Segundo a primeira, baseada na versão popular e que remonta a 1418, Zarco e seus companheiros, aquando da sua chegada à ilha, ter-lhe-iam dado o nome por gratidão, visto que esta lhes teria oferecido refúgio no decurso de uma terrível tempestade. Já a segunda versão, historicamente argumentada, aponta para a Baixa Idade Média, segundo a qual, uma embarcação teria encontrado porto seguro nesta ilha, depois de uma violenta tormenta. Quer isto dizer que, antes dos portugueses terem iniciado o seu povoamento, em 1418, já esta pequena ilha era denominada de Porto Santo. Tal facto, entre outros documentos de valor histórico, é constatado no chamado Atlas Medicis de cerca de 1370.

Em suma, ambas as teses convergem relativamente ao acontecimento que deu origem ao nome “Porto Santo”, distinguindo-se, todavia, na data e origem dos navegantes que encontraram nesta ilha um porto de salvação.

Descobrimento

Se é verdade que este facto está imbuído de algumas incertezas, já o mesmo não se pode dizer em relação à data que marcou a chegada ao Porto Santo dos navegadores portugueses, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira.
Foi em 1418 que ambos aportaram nesta pequena ilha, dando, assim, início a um dos marcos mais gloriosos da História de Portugal, ou seja, a empresa dos descobrimentos ultra – marinos, visto que a chegada a Porto Santo constituiu o primeiro passo para as grandes viagens subsequentes que celebrizaram os portugueses em todo o mundo.

Cristovão Colombo

De entre os factos históricos mais relevantes da ilha, há a destacar a honra de ter sido habitada por Cristóvão Colombo, após o seu casamento com Filipa Moniz, a filha de Bartolomeu Perestrelo. E foi durante esta estadia, numa casa situada no centro da Vila, hoje Casa Museu, que o navegador genovês, na posse de alguns mapas, preparou a viagem que o imortalizou aos olhos do mundo. Estamos a falar, obviamente, da Descoberta da América

Adversidades

Todavia, não só de bons momentos viveu esta ilha. O seu isolamento e a aridez da sua paisagem foram dois aspectos que muito contribuíram para a criação de enormes dificuldades. O primeiro tornou-o num alvo apetecido para os saques de piratas e corsários, enquanto que o segundo, decorrente de cíclicas estiagens, originou grande esterilidade das terras e consequente escassez na produção de cereais, o que, logicamente, gerou fome e pobreza.

Tais adversidades chegaram a pôr em causa a continuidade dos habitantes na ilha, ideia esta contrariada pelas autoridades régias que, à semelhança de outras ocasiões, em 1713 consideraram o Porto Santo um ponto estratégico que jamais poderia ser tomado pelos muçulmanos.

Atualidade

Actualmente, Porto Santo constitui um só concelho com uma só freguesia. É a mais pequena ilha habitada do Arquipélago da Madeira e mede 11,4 quilómetros de comprido por 6 de largura, cuja superfície é de aproximadamente 42 Km2. Representa, por comparação, 6% da superfície da ilha da Madeira e cerca de 1,9% da população da Região Autónoma da Madeira. É, portanto, uma pequena superfície insular cuja população não ultrapassa os 5000 habitantes.

Doada em 1446 por D. Henrique a Bartolomeu Perestrelo, a Vila Baleira tornou-se concelho em 1835. Em 1996 foi elevada a Cidade do Porto Santo por força do Decreto Legislativo Regional nº 18/96/M, publicado no Diário da República a 6 de Agosto do mesmo ano.

Curiosidades

Durante muito tempo o Porto Santo foi alvo de constantes saques e matanças praticadas por piratas argelinos e corsários ingleses e franceses. Em 1617, estes assassinaram todos os homens que conseguiram apanhar e raptaram grande parte das mulheres.

Uma carta régia de D. José I, de Outubro de 1770, obrigava todos os lavradores do Porto Santo a plantarem árvores nos limites das suas terras, bem como nos ribeiros. E, na época, era tal a falta de vegetação que pouco tempo depois se decretou ser expressamente proibido cortar árvores, até mesmo as já secas.

António Correia de Sousa foi, em 1788, o primeiro professor a leccionar no Porto Santo. A sua vinda para a ilha prendia-se com a importante necessidade de ensinar os jovens porto-santenses a ler e a escrever, bem como para formar mestres de ofício.

Foi em 1794 que, segundo alguns historiadores, surgiu o primeiro moinho de vento no Porto Santo. O relevo baixo da ilha, com vento a soprar em muitos dias do ano e em vários quadrantes, criou condições propícias para a montagem destes engenhos. Em poucas décadas, os moinhos de vento difundiram-se de tal forma que passaram a ser uma das imagens emblemáticas da ilha.

Sendo o ponto mais alto do Ilhéu da Cal de 178 metros, com falécias e escarpas recortadas, a extracção do precioso minério motivou diversos acidentes. No mais trágico de todos, conta-se que morreram de uma só vez 16 homens soterrados no interior de uma mina em consequência de um desabamento de rochas.

A 1 de Março de 1850 visitou o Porto Santo o príncipe Maximiliano, Duque de Leuchtemberg, neto do rei da Baviera e da imperatriz Josefina de França. Demorou-se seis horas na ilha, distribuindo generosas esmolas, sobretudo cereais e dinheiro, pelas gentes pobres da terra.

Em 1856 uma epidemia de cólera (cólera morbus) propagou-se na ilha do Porto Santo durante um mês inteiro, acabando por ceifar, em poucos dias, a vida a 56 habitantes.

Segundo os “Anais do Município do Porto Santo”, a 4 de Fevereiro de 1860, pela primeira e única vez, nevou sobre a ilha, deixando montes e vales cobertos de branco. E a neve foi em tal porção que muitas pessoas a armazenaram chegando mesmo a fazer sorvetes.

«Impôs a rainha D. Maria I, como medida de economia, um vestuário fabricado de produtos insulares, e com o fim de combater o luxo demasiado e a prosápia invencível da fidalguia de que se ufanavam os habitantes em geral, prejudicando a vida e a economia do Porto Santo.» (Pe. Eduardo Pereira, Ilhas de Zarco)

«Existiram outrora posturas municipais tendentes a destruir a espécie do pardal, sendo bastante curiosa a da Câmara Municipal do Porto Santo, que obrigava cada chefe de família a apresentar 25 cabeças de pardal durante todo o mês de Junho de cada ano.» (Francisco Keil Amaral, 1969)

A 7 de Janeiro de 1893 foi efectuada em Paris a primeira análise das águas da Fontinha, as quais, poucos anos depois, iriam dar origem à primeira e única fábrica de água mineral da ilha. Na altura, as análises revelaram serem essas águas bicarbonatadas, cloretadas e sulfatadas sódicas, aconselháveis, portanto, para o tratamento de doenças de pele e do aparelho digestivo.

A “Água Mineral do Porto Santo” venceu, em 1918, obtendo uma medalha de ouro, a exposição internacional de águas minerais realizadas no Rio de Janeiro.

Foi no ano de 1925 que chegou ao Porto Santo o primeiro automóvel. Tratava-se de uma furgoneta de carga que a fábrica de cal da Vila mandou vir para facilitar o transporte daquela matéria-prima. Dois anos depois aportou na ilha o primeiro carro ligeiro de passageiros de marca Ford. Só no final da década de cinquenta é que chegou a primeira motorizada, trazida por um mecânico a laborar nas obras do aeroporto.

A 19 de Março de 1929 iniciou-se no centro da Vila do Porto Santo a construção do cais. Com um comprimento de 102 metros por 4 de largura, o molhe assenta em pilares robustos colocados a igual distância uns dos outros. A partir daí os passageiros que aportavam no Porto Santo começaram a embarcar (e a desembarcar) pelos seus próprios meios, em vez de serem transportados às costas, ou ao colo, de fortes homens, como durante séculos se fez.

A primitiva iluminação da Vila Baleira era feita por candeeiros a petróleo que a Câmara Municipal mandou colocar nas principais ruas da Vila Baleira em 1931. Só em 1954 é que a energia eléctrica veio substituir os obsoletos candeeiros “petromax”. Nesse mesmo ano começou também a distribuição por rede de água potável ao domicílio.

Atum, gaiado, sardinha e cavala foram os peixes exportados, em latas de um a dez quilogramas, pela fábrica das conservas do Porto Santo. As espécies mais pequenas, como a “ruama”, eram aproveitadas para fazer farinha de peixe.

A 12 de Julho de 1957 foi colocado no alto do Pico do Castelo o busto do benemérito António Schiappa de Azevedo, mentor e responsável pela arborização deste pico iniciada em 1921.

A primeira ligação telefónica entre o Porto Santo e a Madeira foi realizada a 27 de Agosto de 1959. Anteriormente ao telefone, a ilha tinha já uma Estação Rádio Telegráfica de apoio e controlo naval que havia entrado em funcionamento em 1929, facto que a tirou do completo isolamento vivido até então.

A 20 de Julho de 1960, um mês antes da inauguração do Aeroporto do Porto Santo, aterrou na ilha, num voo experimental, o primeiro avião.

Em 28 de Agosto de 1960 foi inaugurado o Aeroporto do Porto Santo, o primeiro do arquipélago. A população ali alojada teve de se transferir para um bairro especialmente construído para o efeito, o Dragoal Novo.

O navio “Pirata Azul” efectuou a sua viagem inaugural entre a Madeira e o Porto Santo a 19 de Maio de 1974. Este barco, ainda a navegar, foi construído na Alemanha em 1969. Mede 37,69 metros, tem capacidade para 180 passageiros e a sua velocidade máxima é de 20 nós.

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