Hoje, dia 1 de outubro, Dia Nacional da Água, data esta instituída em Portugal para sensibilizar a população sobre a importância da água como recurso essencial à vida, de promover a consciência sobre o seu uso sustentável e a preservação dos recursos hídricos, também é fundamental destacar a importância que a Casa das Águas teve na Ilha Dourada.
A Casa das Águas do Porto Santo ou Fábrica das Águas, como também era conhecida, no sítio da Fontinha, foi construída em 1922, apesar de não haver muitas referências bibliográficas em relação aos pormenores da sua construção.
No “Inventário do património imóvel do Porto Santo”, edição da autarquia local, é mencionado o aspeto “simétrico de dois pisos construído em pedra aparente com a face saliente e irregular, tão em voga naquela altura”, destacando-se ainda no corpo central “os três arcos de volta perfeita engradados sobrepujados por marquise de tapa-sóis entre duas pequenas torres com janelas de verga curva”.
A 7 de janeiro de 1893 foi realizada, em Paris, a primeira análise das águas da Fontinha, revelando que as mesmas eram “bicarbonatadas, cloretadas e sulfatadas sódicas, aconselháveis, portanto, para o tratamento de doenças de pele e do aparelho digestivo”.
Em 1906 construi-se uma pequena fábrica rudimentar, mas só alguns anos depois
foi criada a primeira e única fábrica de água mineral da ilha.
Nos rótulos das garrafas da água do Porto Santo poderia ler-se “Bacteriologicamente Pura”. Apesar do seu sabor salobro, chegou a ganhar alguns prémios e, em 1908, arrecadou o 1.º prémio “(…) uma medalha de ouro, na exposição internacional de águas minerais realizada no Rio de Janeiro”.
Esta água mineral engarrafada e comercializada era captada na fonte das Lombas, atualmente encerrada e, nos primeiros tempos, era exportada para a Ilha da Madeira nos barcos de carreira Maria Cristina, Arriaga e Portossantense.
A população da ilha do Porto Santo sempre se debateu com a escassez de água e a história conta como era difícil viver apenas com a garantia de poucas nascentes naturais. As mais conhecidas eram as da Fonte da Areia e das Lombas, locais procurados pela população local e visitantes para se abastecerem para consumo próprio, para os animais e para a agricultura.
A Fábrica das Águas, espaço emblemático e único na arquitetura industrial da ilha, está encerrada há vários anos, desde que a empresa proprietária “Águas do Porto Santo, Lda.” fechou portas, deixando na memória décadas de história e de atividade fabril ligadas à água mineral, produto que ganhou prémios internacionais e reconhecimento terapêutico.
Porto Santo, 01 de outubro de 2024