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Quinta-feira, Outubro 2, 2025

> Da Terra para a Mesa: Sabores que contam a História da Ilha - Ilhéu da Cal

Geodiversidade

A ilha do Porto Santo, que salpica o oceano atlântico há cerca de 14 milhões de anos, encerra um património geológico de inestimável valor. A sua geodiversidade, que marca a paisagem da ilha, é o testemunho da passagem de alterações climáticas extremas, deixadas à vista pela erosão que a ilha foi sofrendo ao longo da sua evolução. Não deixe de conhecer esta dádiva da natureza tão perto de si.

Ilhéu da Cal

No Ilhéu de Baixo ou da Cal ocorrem, essencialmente, hialoclastitos, níveis de depósitos carbonatados pararecifais e conglomerados, e ainda escoadas submarinas de basalto e tufo basáltico do Miocénico Médio.

O topo do ilhéu encontra-se recoberto por depósitos eolianíticos do Quaternário (Geossítio PSt03 – Morenos e PSt07 – Fonte da Areia).

À semelhança dos outros ilhéus, esteve outrora ligado à ilha principal, e, por ação de fenómenos erosivos, a sua individualização ocorreu depois da Última Glaciação e deposição da Formação Eolianítica, durante o Holocénico, há menos de 10-12 mil anos.

Foto de: Luís Afonso
Foto de: Luís Afonso

Várias galerias foram escavadas no material calcário que surge em dois níveis contínuos ao longo do ilhéu. Este material que serviu a indústria de produção de cal, atividade que teve um papel económico extremamente importante no Arquipélago, corresponde a sedimentos marinhos carbonatados e recifes de corais fossilizados, com 15,2 Ma (Miocénico Médio), e que se formaram no topo do edifício vulcânico, durante a fase de pré-emersão da ilha.

A História…

As minas de extração de cal são um importante testemunho da história e cultura do Porto Santo.

As extrações iniciaram-se em 1533 e ficaram marcadas por diversos acidentes, o mais trágico de todos ocorreu em 1800 vitimando dezasseis homens, que ficaram soterrados no interior de uma mina em consequência de um desabamento de rochas. Atualmente, estas minas encontram-se desativadas.

Ecologia…

Apenas nas falésias do Ilhéu de Baixo e do Ilhéu de Cima é possível encontrar pequenas árvores, indício de que no passado existiria uma vegetação arbórea (ex: zambujal).
Existem 97 táxones neste Ilhéu.

A fauna terrestre alberga espécies de vertebrados (aves e lagartixas) e uma grande variedade de invertebrados muitos dos quais são endémicos.
Espécies de moluscos exclusivas deste Ilhéu: Serratorotula acarinata, Leptaxis nivosa calensis e Idiomela subplicata.

Foto de: Luís Afonso
Foto de: Luís Afonso

O ilhéu de Ferro e de Cima formam uma IBA, sendo conhecida a nidificação de pelo menos quatro espécies de Proccellariformes: a cagarra (Calonectris borealis), a alma-negra (Bulweria bulwerii), o roque-de-castro (Hydrobates castro) e o pintainho (Puffinus lherminieri).
Outras aves marinhas nidificantes são o garajau-comum (Sterna hirundo), a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis) e o garajau-rosado (Sterna dougallii). Das aves terrestres nidificantes é de salientar a presença de corre-caminhos (Anthus berthelotii madeirensis), andorinhão-da-serra (Apus unicolor) e canário-da-terra (Serinus canaria canaria).

Alberga elevado valor ecológico e biofísico, sendo importante a salvaguarda do seu património natural que se estende desde os aspetos geológicos às espécies de vegetação xerófila, indígenas e endémicas, apresentando habitats que são representativos e importantes para a conservação in situ da biodiversidade como é o caso das “Falésias com flora endémica das costas macaronésias” inscrito nos “Habitats de interesse comunitário” da Diretiva Habitats.

Este ilhéu constitui áreas relevantes de salvaguarda da biodiversidade, sem a presença de animais herbívoros, permitindo o crescimento harmonioso da vegetação que é predominantemente constituída por plantas de pequeno porte e herbáceas perenes e anuais.

Projetos

Entre setembro de 2010 e dezembro de 2015, decorreu o projeto LIFE ILHÉUS DO PORTO SANTO que teve como grande objetivo travar a perda da biodiversidade Europeia através da recuperação de habitats e espécies dos Ilhéus do Porto Santo e área marinha envolvente, de modo a atingir um estado de conservação estável, favorável e autossustentado.

Permitiu a criação de condições para a recuperação dos habitats e espécies do Sítio através da eliminação ou controlo das espécies não nativas com carácter invasor e do uso humano regrado, na sua vertente de lazer e económica.

Estatuto de Proteção:

  • Rede Natura 2000, Rede de Áreas Marinhas Protegidas do Porto Santo, Sítio de Importância Comunitária PTPOR0001 – Ilhéus do Porto Santo, Património Científico (geológico) e Zonas Naturais de Uso Interdito, de acordo com o Plano Diretor Municipal.
  • Monumento Natural integrado na Rede de Monumentos Naturais (D.L.R. n.º 7/2021/M).

Referências

  1. FERREIRA, M. R. (2014). Património Geológico da Ilha do Porto Santo e Ilhéus Adjacentes (Madeira): Inventariação, Avaliação e Valorização como Contributo para a Geoconservação. Dissertação de Mestrado em Vulcanologia e Riscos Geológicos. Departamento de Geociências da Universidade dos Açores. In: https://geodiversidade.madeira.gov.pt
  2. Candidatura da Ilha do Porto Santo – Reserva da Biosfera da UNESCO. In: https://portosantobiosfera.madeira.gov.pt

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