Geodiversidade
A ilha do Porto Santo, que salpica o oceano atlântico há cerca de 14 milhões de anos, encerra um património geológico de inestimável valor. A sua geodiversidade, que marca a paisagem da ilha, é o testemunho da passagem de alterações climáticas extremas, deixadas à vista pela erosão que a ilha foi sofrendo ao longo da sua evolução. Não deixe de conhecer esta dádiva da natureza tão perto de si.
Ilhéu de Cima – Pedra do Sol
O ilhéu de Cima apresenta litologias representadas, essencialmente, por escoadas submarinas de natureza basáltica, níveis de calcários marinhos, fossilíferos, contemporâneos da fase de pré-emersão da ilha, durante o Miocénico Médio, assim como escoadas subaéreas de basalto. O topo do ilhéu encontra-se recoberto por depósitos eolianíticos do Quaternário (Geossítio PSt03 – Morenos e PSt07 – Fonte da Areia).
Nas escoadas submarinas das vertentes viradas a SW deste ilhéu ocorre uma mega pillow lava, cujo corte pôs em evidência uma estrutura em disjunção prismática radial, consequência do modo como se processou o seu arrefecimento. Ao consolidar, retrai, originando fraturas com alinhamentos prismáticos radiais reflexo do arrefecimento da lava em meio subaquático.
Ocorrem, ainda, recifes fósseis de colónias de corais e concentrações de algas calcárias (rodólitos) e equinóides (Clypeaster) fossilizados, entre outros grupos, na zona envolvente.
À semelhança dos outros ilhéus, esteve outrora ligado à ilha principal, e, por ação de fenómenos erosivos, a sua individualização ocorreu depois da última glaciação e deposição da Formação Eolianítica, durante o Holocénico, há menos de 10-12 mil anos.
A História…
Para os navegadores que se aventuram da Europa em direção ao Atlântico Sul, o farol do ilhéu de Cima (visível para sudeste) é o primeiro ponto luminoso artificial na paisagem. O farol foi construído em 1900.
A Ecologia…
Apenas nas falésias do Ilhéu de Baixo e do Ilhéu de Cima é possível encontrar pequenas árvores, indício de que no passado existiria uma vegetação arbórea (e.g. zambujal). Existem 198 táxones neste Ilhéu.
A fauna terrestre alberga espécies de vertebrados (aves e lagartixas) e uma grande variedade de invertebrados muitos dos quais são endémicos.
Espécies de moluscos exclusivas deste Ilhéu: Discula turrícula, com uma área de distribuição inferior a 50 m2.
Juntamente com o de Ferro e de Baixo forma uma IBA, sendo conhecida a nidificação de pelo menos quatro espécies de Proccellariformes: a cagarra (Calonectris borealis), a alma-negra (Bulweria bulwerii), o roque-de-castro (Hydrobates castro) e o pintainho (Puffinus lherminieri).
Outras aves marinhas nidificantes são o garajau-comum (Sterna hirundo), a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis) e o garajau-rosado (Sterna dougallii). Das aves terrestres nidificantes é de salientar a presença de corre-caminhos (Anthus berthelotii madeirensis), andorinhão-da-serra (Apus unicolor) e canário-da-terra (Serinus canaria canaria).
Este ilhéu constitui áreas relevantes de salvaguarda da biodiversidade, sem a presença de animais herbívoros, permitindo o crescimento harmonioso da vegetação que é predominantemente constituída por plantas de pequeno porte e herbáceas perenes e anuais.
Os Projetos…
Entre setembro de 2010 e dezembro de 2015, decorreu o projeto LIFE ILHÉUS DO PORTO SANTO que teve como grande objetivo travar a perda da biodiversidade Europeia através da recuperação de habitats e espécies dos Ilhéus do Porto Santo e área marinha envolvente, de modo a atingir um estado de conservação estável, favorável e autossustentado.
Permitiu a criação de condições para a recuperação dos habitats e espécies do Sítio através
Estatuto de Proteção:
Referências