Geodiversidade
A ilha do Porto Santo, que salpica o oceano atlântico há cerca de 14 milhões de anos, encerra um património geológico de inestimável valor. A sua geodiversidade, que marca a paisagem da ilha, é o testemunho da passagem de alterações climáticas extremas, deixadas à vista pela erosão que a ilha foi sofrendo ao longo da sua evolução. Não deixe de conhecer esta dádiva da natureza tão perto de si.
Pico Branco
Além de paisagens deslumbrantes, visitar o Pico Branco é uma excelente oportunidade para descobrir a diversidade da flora indígena, albergando flora e fauna únicas no mundo, habitats típicos da Macaronésia e paisagens de excecional valor cénico.
Apresenta rochas de natureza vulcânica ácida (traquítica e riolítica), de cor cinzenta claro, com evidente disjunção prismática, tal como no Pico de Ana Ferreira, no entanto, a natureza das rochas é mais ácida. Este tipo de estrutura é bem visível quer de perto, quer de longe.
Na base deste pico surgem rodólitos fósseis, de idade Miocénica (15-14 Ma).
A História…
Nas encostas desse pico persistem os socalcos usados em outros tempos para o cultivo de cereais.
O Pico Branco tem esta denominação devido à existência de uma coluna de pedra branca, e também por ali existirem muitos líquenes brancos da espécie com nome comum de urzela (Rocella sp.), que cresce sobre a rocha, o qual era exportado da ilha para a produção de tintas.
Abaixo da Terra Chã localiza-se a Furna dos Homiziados, antigo esconderijo de foragidos, onde segundo a história, várias pessoas se refugiaram fugidas da lei e das investidas de pirataria argelina. Conta a lenda que numa dessas emergências o seu teto se abateu, sepultando quantos lá se abrigavam.
A Ecologia…
As árvores coníferas de nome comum Cipreste (Cupressus macrocarpa) que se encontram neste local foram plantadas no início do Séc. XX, cujo trabalho manual de construção de muros para a sustentação do solo e plantação das árvores, reflete a gravidade do desaparecimento da vegetação natural e erosão dos solos.
O Pico Branco constitui um dos poucos redutos do ecossistema florestal primitivo, onde sobrevivem táxones exclusivos deste território e do arquipélago da Madeira.
Trata-se de um enclave excecionalmente húmido no contexto da ilha, cuja vegetação potencial corresponderá, na porção mais alta, ao bosque de barbusano (Laurissilva do barbusano), representado por plantas isoladas desta comunidade, às quais se associam marmulanos e zambujeiros.
Acresce uma interessante comunidade de urzes, e derradeiros zimbreiros silvestres, nas escarpas a nordeste, que são testemunhos do habitat “Florestas endémicas de Juniperus spp”.
Para esta área estão contabilizados 247 táxones, oito dos quais são exclusivos do Porto Santo (Crepis noronhaea, Echium portosanctense, Erysimum arbuscula, Pericallis menezesii, Fumaria muralis subsp. muralis var. laeta, Lotus loweanus, Saxifraga portosanctana e Vicia costae), 36 são exclusivas da Madeira e 55 da Macaronésia.
Acrescem outras espécies classificadas de interesse comunitário, como Cheirolophus massonianus, Phagnalon lowei, Autonoe madeirensis e Chamaemeles coriacea. Caseolus subcalliferus, é um gastrópode exclusivo do Pico Branco.
Neste local podem ser observadas duas espécies de aves marinhas como a Cagarra (Calonectris borealis) e o Garajau (Sterna hirundo).
Projetos
Estatuto de Proteção
Referências
1. FERREIRA, M. R. (2014). Património Geológico da Ilha do Porto Santo e Ilhéus Adjacentes (Madeira): Inventariação, Avaliação e Valorização como Contributo para a Geoconservação. Dissertação de Mestrado em Vulcanologia e Riscos Geológicos. Departamento de Geociências da Universidade dos Açores. In: https://geodiversidade.madeira.gov.pt/images/Roteiro_PSanto_PT_FrenteVerso_site.jpg
2. Candidatura da Ilha do Porto Santo – Reserva da Biosfera da UNESCO. In: https://portosantobiosfera.madeira.gov.pt